domingo, julho 10, 2005

Os carteiristas

Vamos lá a ver se consigo chegar ao fim desta dissertação, e passar a mensagem que pretendo.
Os carteiristas eram e são (em muito menor número actualmente) uns tipos mal parecidos, provenientes de bairros degradados, com problemas de toxicodependência, que se entretinham a "gamar" umas carteiras, geralmente em locais ou transportes públicos apinhados de gente. Recordo-me perfeitamente de apanhar o Metro em Sete-Rios e, ao longo do percurso até aos Restauradores, entrarem uns tipos de jornal debaixo do braço (normalmente a Bola ou o Record), que se iam encostando a quem previam que podiam "sacar uma nota" da carteira do desgraçado, para depois a irem consumir em forma de droga proibida comprada ali para os lados do Casal Ventoso.
Assisti a umas correrias atrás de alguns desses tipos, mas normalmente sem qualquer resultado, a menos quando eram polícias à civil que, já mais para o fim deste duelo, andavam também pelas carruagens do Metro, e os costumavam apanhar e levá-los até à esquadra, para a seguir os mandar embora, porque os espertalhões já não tinham a carteira que tinham roubado.
Eram tipos que tinham um jeito incrível para meter a mãozinha nos bolsos e sacar uma carteira sem que, na grande maioria dos casos, as pessoas dessem por isso naquela altura.
Entretanto, o portuguesito passou a andar com cartões de débito em vez de dinheiro na carteira, e o negócio faliu para os lados desta malta que teve que arranjar outros negócios para poder comprar droga.
Daqui, ao aparecimento dos arrumadores de automóveis foi um passo; pequeno para eles mas grande para o objectivo de continuar a sacar uns cobres. Mas dos arrumadores não quero falar mais. Foi apenas o seguir o caminho natural da malta que infelizmente se droga, e tem que chatear os outros para poder ter a sua dose diária.
Voltemos aos carteiristas.
Se esta "antiga" classe profissional praticamente se extinguiu com o aparecimento dos cartões bancários, surgiu uma outra classe profissional mais moderna, e totalmente focada no contribuinte.
Enquanto que os outros carteiristas se focavam no gajo que parecia ter a carteira mais recheada, os carteiristas actuais estão totalmente focados no contribuinte que, mais contribui e, menos ganha.
É o inverso do conceito antigo e lógico de roubar aos ricos para dar aos pobres (que saudades do nosso querido Robin dos Bosques) !!
Os nossos carteiristas actuais não são uma reciclagem dos anteriores. Não vêm de bairros problemáticos; têm bom aspecto; não se drogam (????).........são a nossa classe política.
Tentam alternar de 4 em 4 anos (quando os deixam) e, no período em que estão em funções de governo, têm como preocupação suprema sacar o máximo possível aos 4 milhões de contribuintes do sector privado para poderem continuar a dar todas as regalias e mais alguma a uma grande maioria dos 700.000 que estão no sector público.
Além das regalias que dão a esta minoria consumista de grande parte dos quase 50% do Pib, ainda promovem a evasão fiscal a uns quantos minoritários que, depois de eles sairem do governo, os encaixam nas suas empresas e grupos económicos.
Enfim.........................................É o que temos....
Costuma-se dizer que cada um tem aquilo que merece, e parece que isso encaixa bem no português.......
Mas porque é que os espanhóis não anexam este rectângulo?
Os bascos; os catalães e os galegos também não falam diferente dos castelhanos?
Eram mais uns a falar mal castelhano.....mas como nós até somos bons em línguas! de certeza que aprendíamos depressa 0;)
Daqui faço um apelo à família real espanhola que inicie conversações com o presidente da república portuguesa no sentido de, no prazo de 5 a 10 anos estarmos integrados na Hispânia, e podermos usufruir do crescimento que Espanha irá alcançar por volta de 2015/2020......
Nessa altura, se não conseguirmos essa integração, estaremos a amandarmo-nos ao mar ou a emigrar para a Madeira, para os ajudarmos a fazer chapéus de sol para montar em cima dos carrinhos das ladeiras.......

domingo, junho 19, 2005

O trampolim

A palavra trampolim faz-nos pensar em ginástica; saltos; acrobacias; circo; jogos olímpicos, e mais uma série de sinónimos que nos possam vir à cabeça.
Todos nos recordamos com agrado e saudade das idas ao circo (quem não foi pelo menos uma vez ao Coliseu ver aquelas companhias de circo que por cá passavam), e de ficarmos embasbacados com os saltos e piruetas que os acrobatas e também os palhaços davam, ajudados por aqueles pequenos rectângulos de madeira abaulada. Ou quando de 4 em 4 anos os jogos olímpicos apareciam na televisão, e aí torcíamos pelos nossos favoritos nos saltos mortais, que mais pareciam dados por atletas feitos de borracha.
Tudo aquilo, tanto no circo como nos jogos olímpicos, era trabalho de muitos anos e muito esforço diário de aperfeiçoamento até conseguirem atingir um patamar em que eram considerados os melhores do mundo tanto como atletas como como profissionais.
O trampolim é pois a ajuda para os grandes saltos; voos e piruetas que o ser humano consegue fazer a nível físico, assim como consegue correr os 100 metros em menos de 10 segundos, e outras proezas que vão sendo batidas ano após ano, à custa de muito sacrifício e trabalho individual e colectivo.
Para mim, e para o comum dos mortais, o trampolim era pois um equipamento que, feito de madeira especial, servia para o fim para que tinha sido criado.
As coisas entretanto mudam, e qual não é o meu espanto quando, há uns dias, dou por mim a associar o trampolim a uma outra faceta de alguns seres humanos.
Se o trampolim era tão só aquele rectângulo de madeira abaulado passou, de há uns anos a esta parte, a fazer parte do vocabulário do mundo profissional e político.
Um exemplo que pode ser retirado de um qualquer jornal semanário ou de negócios:
"O facto de, após ter concluído o curso de gestão de empresas, ter começado como consultor comercial na empresa tal e por lá ter ficado 2 anos, serviu-me de trampolim para assumir a direcção de operações noutra empresa concorrente e, mais tarde, a administração de uma outra empresa que, não sendo do mesmo ramo de actividade, me contratou pelo meu curriculum diversificado. Isto no espaço de 5 anos...."
Nos primeiros 2 anos, este consultor comercial fez um brilharete como angariador de clientes para a empresa, vendeu o que havia e o que não havia, prometeu mundos e fundos e, quando percebeu que era chegada a altura de prestar contas fez dois ou três contactos e pirou-se para outras paragens, começando uma nova etapa da sua carreira.
Ao assumir a direcção de operações na outra empresa, tratou imediatamente de modificar procedimentos e fluxos (sem ouvir a opinião de ninguém). Introduziu na estrutura um ou dois amigos de curso, e delegou-lhes toda a parte chata de obter resultados através de relatórios muito bem arquitectados, cujos dados nunca estão de acordo com a realidade, mas que vão passando sempre como bons até o ano ser fechado em termos de contas.
Por aqui ficou mais dois anos até o ciclo de prestação de contas (leia-se resultados negativos reais nos anos anteriores) ter chegado ao limite possível e já não haver mais desculpas para a "merda" que andou a fazer. Aqui o nosso "amigo" pensou novamente duas vezes e percebeu que teria que mudar novamente de empresa de modo a conseguir sobreviver à tona do pântano que ele normalmente vai criando. Do pensar à realidade foi um pulo, e lá o temos como administrador de uma outra empresa tendo passado à presidência da mesma uma imagem de gestor infalível e portanto apostável.
Claro que temos estado no campo da ficção e em situações que para nós parecem extremas: como é que uma pessoa que tem um passado de maus resultados, consegue ir brilhando e arranjando alternativas.
Mas isto acontece todos os dias, em todas as empresas, e cada vez com mais frequência.
Na função pública, onde se deveria entrar por concurso público, entra-se por cunhas e cores políticas. No sector privado onde a rigidez e avaliação é muito maior, acabam-se por encontrar bastantes "tipos" idênticos ao acima ficcionado.
Eu ainda sou do tempo ;) em que para se entrar numa empresa do sector privado se fazia um teste psicotécnico, teste esse que muitas vezes ditava a entrada ou não na empresa. Hoje, para se entrar, tem apenas que se ter um Dr. atrás do nome, independentemente do curso que se frequentou.
Depois.... depois é só fazer com que essa empresa lhe sirva de trampolim para outros voos e voar até ser confrontado com a dura realidade dos maus resultados.
Se calhar, por isto, temos empresas a fechar diáriamente; cada vez mais pessoas no desemprego, etc...etc....
Um trampolinista que se preze nunca por nunca pensa que o desemprego é um flagelo para todas as famílias que têm a má sorte de experimentar essa dura realidade. Até ao dia em que o veja pela frente ou que alguém mais próximo lhe conte que está nessa situação.
Se calhar precisávamos de voltar uns bons anos atrás e retomar práticas que davam os seus frutos. Para se progredir numa empresa eram necessários uns bons anos de saber de experiência feito (como dizia o Camões), e só depois de se provar que se era um bom profissional, se passava ao patamar seguinte.
Estamos na era dos trampolinistas . Os Yuppies ao pé destes eram uns meninos de coro.
Esperemos que o que vem a seguir seja bem melhor........ou então mais vale arrumarmos as botas e começarmos realmente a acreditar que o futuro não vai ser muito risonho....

sábado, junho 04, 2005

É assim..!!

Confesso que esta frase já me anda a deixar às voltas com uma crise de identidade, mais uma espécie de complexo de inferioridade por não conseguir aplicá-la. Na realidade devo ser eu que estou errado, porque a ouço dita e redita por dá cá aquela palha. Dos "famosos" aos políticos, toda a minha boa gente apanhou este trejeito e, com a maior das facilidades e uma pontinha de arrogância, começou a torto e a direito a utilizar uma expressão que, ou me engano muito, ou vai entrar rápidamente para um qualquer dicionário de acerto da língua portuguesa.
Os sociólogos estudaram o comportamento humano e classificaram-no. Vasculhando superficialmente nos tipos de comportamento que vemos neste site, chego à conclusão que esta expressão estará dentro do comportamento agressivo pela carga ameaçadora que, na minha opinião, ela contem.
Isto de estar a falar com alguém, estar a emitir uma opinião, e o interlocutor virar-se e dizer muito rápidamente: é assim....... , não deixa de ser intimidador. Eu, pelo menos, perco logo a vontade de emitir qualquer outra opinião, sob pena de levar com uma série de é assim's....... ;(
Quando um dia destes a minha filha me contou determinados comportamentos de professores, fiquei siderado. Se calhar, e mais uma vez, sou eu que estou errado, e não enchergo a amplitude e importância dos novos comportamentos e relações. A sociedade virou-se para o reality show mediático, ou seja, aquele que as televisões entenderam, face ao enorme poder que têm sobre a opinião e comportamento das pessoas, aplicar a seu bel prazer.
Fecham uma série de cretinos e cretinas numa quinta e colocam uma anormal a apresentar o dia a dia dos famosos da cretinice......(pudera, se por dia ganham um balúrdio só por estarem ali e ainda puderem dizer o que lhes apetece para uns milhares largos de pessoas) ; levam uma série de conhecidos das revistas para um qualquer lugar no outro lado do mundo para saltarem de umas cordas penduradas, comer minhocas....e sei lá que mais.
E tudo isto à custa do "estúpido do consumidor" . Senão vejamos:
- As televisões vivem em grande parte das receitas da publicidade.
- A publicidade é paga com a mais valia que o consumidor gera na compra dos produtos que consome, logo....
- Até esses programas são pagos por todos nós........
Não será concerteza na nossa geração, nem nas que já andam por cá embrutecidas com o que nos impingem, mas tenho a esperança que umas quaisquer gerações futuras vejam com olhos de ver e denunciem e arrumem de vez com os "espertos" que, em terra de cegos, são reis e senhores porque....como dizia o Zeca Afonso......eles comem tudo , eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada....
Já agora...e como disse o Guterres aqui há uns anos: ou tratamos nós dos pobres, ou mais tarde ou mais cedo tratarão eles de nós..... Ele agora tem essa possibilidade......vamos a ver se não se esquece do que disse.
Estes Nãos à constituição europeia são um sinal de que existe descontentamento, e de que as pessoas estão finalmente a utilizar o voto, não se calhar por discordarem do que está sómente em cima da mesa, mas porque é a melhor arma para se derrubar quem está no poder e não o sabe exercer e gerir. Enquanto não saímos do impasse a que a Europa chegou, nós cá por Portugal vamos tentando perceber como é que vamos passar a crise que teima em não ir para outras paragens...... é assim..!!

sábado, maio 28, 2005

A Guarda Inglesa

Apesar do nome sugerir uma qualquer carga de cavalaria de tropas Inglesas, esta Guarda Inglesa não é mais que o nome de um bairro na margem esquerda do Mondego em Coimbra, junto ao Estádio Universitário; ao Portugal dos Pequeninos; aos Conventos de Sta. Clara-a-Velha e Sta. Clara-a-Nova, e à Quinta das Lágrimas onde, reza a lenda, Inês de Castro foi assassinada.
Foi então a Guarda Inglesa o meu refúgio de férias durante longos e bons períodos de tempo, que na altura se chamavam as férias grandes.
Férias eram férias, e felizmente tive a sorte de ter um irmão a viver em Coimbra com o qual ia ter, assim que acabava as aulas.
Foi um período que durou dos 9 aos 13 anos.
Na altura ia-se de Lisboa para Coimbra de comboio; apanhado em Sta. Apolónia e com paragem definitiva na estação de Coimbra. Era uma viagem que durava para lá das 5 horas, uma vez que, por ser mais barato, se apanhava o "comboio correio", ou seja, aquele que parava em todas as estações e apeedeiros. A demora da viagem era compensada pela expectativa de umas férias bem passadas e com perspectiva de muitas surpresas pelo meio. Surpresas em relação aos amigos dos anos anteriores; dos novos amigos que sempre se faziam todos os anos; das jogatanas de bola dentro do Estádio Universitário; das assistências aos treinos da Académica; da captura de rãs nos charcos do Mondego; dos passeios de barco a remos nas línguas de água que sobreviviam à seca do rio.

A casa onde passava as férias era de madeira e tinha uma traça muito original. Ficava situada numa encosta que subia da margem do Mondego para o Convento de Sta. Clara-a-Nova onde está sepultado o corpo da Rainha Sta. Isabel, a mulher do D. Dinis, que fez o milagre das rosas. Dizem que o corpo dela está intacto e que tal facto prova a sua santidade. O que é um facto é que a Rainha Santa (como normalmente é chamada) é venerada pelas gentes de Coimbra de uma maneira muito especial,
Voltando à casa, recordo-me da entrada principal que era feita através de uma pequena ponte também de madeira, sustentada por vigas que assentavam no chão, e que se dirigia à porta da frente (normalmente só se entrava por esta pequena "ponte" aos Domingos e dias festivos). No dia a dia entrava-se na casa por um pequeno caminho de terra que ladeava o lado direito, e que desembocava num tanque de pedra. Essa entrada dava acesso directamente à cozinha. No interior existiam ainda 3 quartos e uma sala de jantar. Aquela casa (que era dos sogros do meu irmão), era o meu refúgio dos dias cheios de correrias e brincadeiras, e também daquelas alturas em que cometíamos pequenas travessuras e era preciso correr depressa para casa para não sermos apanhados por quem tinha sido prejudicado com as brincadeiras.
O dia começava cedo, por volta das 7h30, com o levantar ao som de um programa de rádio rural onde passavam todo o tipo de músicas folclóricas, mais as notícias do dia e as informações do tempo; das sementeiras e dos trabalhos de campo de cada altura do ano. O pequeno almoço era uma ou duas canecas de leite com café de cevada e pão com manteiga ou doce. Que sabor tinha aquele pequeno almoço. Ainda hoje o recordo com uma saudade incrível, quando por vezes os sabores do pão, do leite e do café se aproximam àqueles. Depois, o dia começava devagar com as primeiras deambulações pelas imediações da casa a observar as árvores, os pássaros e, coisas de putos, a preparar as fisgas e as ratoeiras de pássaros para as próximas caçadas. As fisgas eram feitas de ramos de árvores em forma de Y, em cujas duas pontas superiores se abriam uns sulcos com o canivete, onde iam ser colocadas e presas as pontas da tira de borracha de câmara de ar de bicicleta. Aprendi a fazer as fisgas com o Sr. Mário (sogro do meu irmão), assim como a maneira de apontar e "disparar". As ratoeiras para os pássaros eram de arame forte e eram compostas por duas meias luas com um espigão comprido. Para se armar a ratoeira, abriam-se as meias luas, que se transformavam numa "lua cheia". O espigão, que partia do centro para uma das faces da circunferência permitia, por um pequeno mecanismo de fixação, que a ratoeira ficasse totalmente aberta. Na ponta do espigão era colocada uma formiga de asa ou uma larva do milho. Tanto uma como outra atraiam os pássaros que, ao tentarem bicar, desmontavam a fixação da ratoeira e.....ficavam presos.... ;( Eu sei que era uma crueldade, mas a infância e adolescência têm destas coisas. Ao fim e ao cabo era a atracção por experiências que normalmente ocorrem naquelas idades. Hoje em dia confesso que era incapaz de o fazer......mas naquela altura parecía-nos normal e fazia parte dos códigos pelos quais os catraios se regiam.
Depois de uma manhã a tentar apanhar pássaros e umas visitas à casa do Sr. Zé para ver a ordenha das vacas, vinha o almoço. A fome era sempre mais que muita e ali comía-se de tudo e não se refilava. Sempre me ficou na memória um célebre bacalhau guisado que me custava bastante comer. É um prato típico daquela região mas a mim não me convencia. O bacalhau normalmente era muito salgado e não combinava nada com o facto de ser guisado. Mas lá tinha que comer, porque senão bem podia passar fome até à hora do lanche. Depois do almoço e de uma pequena sesta acordado, lá ia ter com os amigos e aventurarmo-nos um pouco mais longe. Geralmente íamos até à margem do Mondego. Na altura parecía-nos longe, mas a distância era curta: acho que das nossas casas até lá não era mais que um quilometro. O rio era o fascínio. Podía-se andar lá dentro porque o leito secava quase por completo no verão (apenas ficavam as tais línguas de água por onde o rio ia escorrendo até à foz, na Figueira). O acesso ao rio era feito através de cordas presas no paredão, ou uma escada de madeira já meio desengonçada, e que a mim particularmente não me inspirava grande confiança. Descer por descer antes fazê-lo pelas cordas, que sempre parecia que ofereciam menos perigo. Ainda era uma descida um pouco arriscada porque a altura do paredão era razóavel (uns bons 10 metros, acho), e um trambolhão dali abaixo seria complicado. Por isso lá fazíamos a descida com muito cuidado e só um de cada vez. Felizmente nunca houve nenhuma situação complicada, apenas uns sustos a meio das descidas e das subidas. No leito do rio a liberdade era total. Tentávamos apanhar rãs; peixes; cobras de água e outros animais que por ali aparecessem, que depois levávamos. Rãs e peixes pequenos apanhávamos com facilidade, mas cobras de água apenas as víamos às vezes passar, mas acabávamos por não atrevermos a apanhar. O sogro do meu irmão tinha um pequeno barco a remos atracado, que nós utilizávamos para imaginar viagens pelo rio a fora. Algumas vezes andei nele nas pequenas pescarias que o Sr. Mário fazia, e confesso que tinha algum medo quando o balanço era acentuado e os fundões do rio eram de meter respeito. Os rios têm a particularidade de serem muito perigosos nos locais mais fundos porque parece que não, mas há correntes em profundidade que arrastam qualquer um para locais onde se pode ficar preso com facilidade a troncos e vegetação. Os banhos normalmente eram tomados com cuidado, principalmente quando estávamos sózinhos, para não haver surpresas desagradáveis. Felizmente nunca nenhum de nós teve qualquer stiuação complicada no que tocava a dar um mergulho ou outro. As situações mais "complicadas" arranjávamos nós quando, por exemplo, nos atrevíamos a saltar as redes do estádio universitário para jogarmos à bola ou andarmos de patins (houve um ano em que alguém apareceu com um par de patins e foi um fartote de bate cus até alguém se conseguir equilibrar naquilo). Quando o guarda nos via lá começavam as correrias em todas as direcções e o saltar da rede para o lado de fora. Depois escondíamo-nos onde pudíamos e deixávamos passar a fúria do guarda, não fosse ele vir cá para fora e ainda tentar dar alguma estalada nalgum de nós. Vontade tinha ele de certeza, mas pernas para nos apanhar é que era pior! E o facto é que nunca fomos apanhados pelo guarda e fizemos grandes jogatanas dentro do recinto do estádio. ;) As únicas vezes que não nos chateavam por estarmos lá dentro era quando a Académica treinava. Eu explico: Coimbra tem um estádio municipal no qual duas equipas têm direito de utilização; A Académica de Coimbra e o União de Coimbra. Nessa altura o União de Coimbra não tinha expressão e era a Académica que dava alegrias futebolísticas a Coimbra. Como o estádio municipal era utilizado apenas para os jogos e a Académica pertencia, e pertence, à orde dos estudantes universitários, treinava no estádio universitário. E era lá que nos deliciávamos com os jogadores daquela altura. Eu, especialmente, tinha uma queda muito grande pela posição de guarda redes. Ficava embasbacado a ver os treinos dos guarda redes: os voos para as bolas; a rapidez de reacção, a elasticidade nos movimentos. Depois tentava imitar nas jogatanas, mas era mentira, o jeito para guarda redes era só em sonhos, porque ne realidade....chapéu. Ainda hoje a Académica, depois do Benfica, é a minha equipa preferida. Destes tempos guardam-se saudades e recordações que perduram uma vida inteira. Há uns anos passei na Guarda Inglesa e fui aos locais onde passava as férias. A casa já não existe (os sogros do meu irmão mudaram-se para outro local de Coimbra), assim como os outros locais estão mudados. Fiquei triste, mas ao mesmo tempo grato por ter podido passar alguns dos melhores momentos de infância e adolescência num local maravilhoso que me marcou imenso, e que me fez, passados quase 40 anos, recordar pequenos detalhes que pensava já apagados da memória, mas que afinal ainda estão e irão continuar por cá. Coimbra é uma lição......confirma-se o tema da música tão conhecida.








terça-feira, maio 24, 2005

Há dias assim

Apesar de escritos anteriores, e porque tudo está ainda muito vivo na memória, não quero deixar passar este dia sem prestar uma última homenagem ao amigo e "irmão adoptivo" que hoje partiu definitivamente.
O Ernesto tinha a particularidade de cativar as pessoas e criar com elas uma empatia enorme que ficava sempre na retina de quem o conhecia.
Apesar da exigência que pautava a sua vida profissional, arranjava sempre um tempo para estar com quem lhe era mais próximo; ajudar sempre que solicitado ou por espontânea vontade, dar uma palavra de apoio sempre que via que ela era precisa.
Foi hoje para um outro mundo que nós, mortais comuns, desconhecemos por completo.
Dizia hoje uma sobrinha minha, no funeral do Ernesto, que o "via" a sobrevoar a encosta adjacente ao local onde o seu corpo ficou, de braços abertos e a sorrir.
Se calhar viu mesmo.....e todos os que lhe fomos próximos vamos tentar acreditar que sim, para que a perda seja mais fácil de ultrapassar.
Adeus e até sempre.......(fazes cá falta)....

domingo, maio 22, 2005

Homenagem

Zé e Ernesto
Onde quer que estejam, a vitória do Benfica vai inteirinha para vocês.......

As pipocas

Quem não se lembra das festas e feiras populares onde, além do algodão doce, havia sempre uma barraquinha que vendia pipocas? O algodão doce era mais acessível pelo preço, mas lambuzava a cara e as mãos, e deixáva-nos à mercê de um qualquer guardanapo tirado da esplanada que estivesse mais próxima, após se "engolir" aquela goluseima que só nos passava pelo estreito uma ou duas vezes por ano.
Quando queríamos pipocas em vez do tradicional algodão doce, éramos sempre advertidos para o facto de aquilo ser milho com um bocado de açúcar e não valer o preço que custava. Os tempos eram outros e rendíamo-nos àquilo que nos ofereciam. E já gozávamos...como se costuma dizer!
As coisas andavam assim, devagar, sem grandes alaridos ou birras, porque o dinheiro não abundava e existiam outras prioridades que não as goluseimas e afins. Era o tempo em que só no primeiro dia de escola (na entrada para a 1ª classe) um dos nossos Pais nos acompanhava para a apresentação e ambientação à nova realidade, mas sómente por uma ou duas horas, que depois entrávamos para a saula de aula (que normalmente era a mesma da 1ª à 4ª classe), e começávamos a estudar o bê à bá. No meses e anos de escola que se seguiam lá íamos sózinhos rua fora, e sempre com a esperança que nunca tivessemos que ir novamente com um dos Pais porque era sinal que alguma coisa tinha corrido mal e, de certo, iríamos levar um puxão de orelhas. Naquela altura, além das matérias normais (ler; escrever; fazer contas), tínhamos que decorar todos os rios e afluentes de Portugal Continental; Ilhas e chamadas províncias ultramarinas; mais as linhas férreas; cidades; serras; regiões e sei lá mais o quê ! Mas se ainda hoje perguntarem a qualquer um de nós onde se situa determinada cidade; serra ou rio, somos capazes de rápidamente fazer a localização exacta, ou pelo menos com uma margem pequena de erro.
Hoje utiliza-se o GPS......é mais fino e menos falível.
Aprendia-se a tabuada com uma cantilena, que ajudava e bastante a decorar as quatro operações que as máquinas de calcular primeiro e os computadores depois vieram banalizar. Contávamos pelos dedos ou com a ajuda de caricas. Brincávamos no recreio às escondidas (na altura não se podia jogar à bola), e tínhamos apenas por colegas de brincadeira e carteira uma espécie humana do mesmo sexo, porque as escolas eram divididas. Rapazes numa escola, raparigas na outra. Na minha rua havia uma escola [que ainda existe e funciona] (não sei se foi uma das razões que levou os meus Pais a escolher morar ali quando viemos da nossa terrinha), e que dava bastante jeito. Na 1ª classe lembro-me perfeitamente da professora que nos armava uma reguadas bem dadas sempre que fazíamos alguma coisa de anormal. Digo bem dadas (não é que as merecessemos ou que era correcto este método de amansamento das criancinhas), mas o raio da régua era grossa e pequena e assentava bem na palma da mão. Tantas vezes me lembro de estar a passar as palmas das mãos pelos botões da bata para atenuar a dor.....A partir da 2ª classe tive a sorte de apanhar o professor Vieira até à 4ª. Era o director da escola e régua era uma "ferramenta" que para ele não existia. Sorte a nossa. Felizmente, e com alguma regularidade, ainda hoje eu; o Bigotte o Rui Casimiro e o Vitor (todos oriundos da mesma rua e escola primária), nos encontramos normalmente num grupo mais alargado que se foi conhecendo ao longo da nossa juventude. Por falar em juventude, nessa altura já havia cinema ;). Umas coboiadas; karatés; aventuras várias, sei lá. E o cinema era um local de culto onde as pessoas acediam a ir durante uma; duas ou três horas para ver, num ecrâ gigante e às escuras a magia dos filmes; os actores preferidos, e às vezes, com uma miuda ao lado, aproveitar para dar as mãos e uns beijinhos às escondidas...
Depois os cinemas viraram igrejas de seitas religiosas; fecharam por falta de assistência, e por outras razões várias que ditaram o encerramento de uma grande parte dos que existiam pelo menos em Lisboa. Entretanto apareceram os clubes de vídeo e recentemente de DVD's; a indústria inventou o "home cinema" (como se fosse possível substituir a magia de uma sala de cinema por uma qualquer aparelhagem a um canto de uma sala lá de casa) e o cinema em termos de assistências continuou a decair.
Vai daí, algum(a) iluminado(a) inventou aquilo a que eu costumo chamar a "parolice do século".
Então não é que a partir de determinada altura passou a ser permitido comer e beber dentro de uma sala de cinema ?
Quando era pequeno sempre me ensinaram que comer e beber era na cozinha ou na sala de jantar (nos dias de festa), e levávamos aquilo à risca. Era lógico, fazia parte de um bom senso comum. Por alguma razão os arquitectos teriam idealizado que uma casa deveria ter os seus espaços próprios para cada função e se bem pensaram assim o levaram à prática.
Mas......uma sala de cinema (onde a privacidade e o respeito por quem está ao lado deveria ser de ouro), virou funcional em vários aspectos.
Conjuga o conceito de "home cinema" na perfeição: vais de tronco nu e chinelos; compras uma barbaridade de pipocas e um balde de coca cola na loja que pertence à cadeia dos distribuidores dos filmes (este conjunto fica mais caro que o bilhete para o filme); vais à casa de banho quando quiseres; atendes o telemovel quando muito bem entenderes (e aí de alguém que te chame a atenção!!); falas alto e comentas o filme para toda a gente perceber que és dotado de um sentido crítico apuradíssimo e, no fim, deixas a sala própria de quem deveria estar num chiqueiro de porcos e não a tentar perceber uma história visionada que pode ser até muito má, mas fica ainda pior vista pelos novos habitantes deste planeta que, a este ritmo, ficará seco; a abarrotar de água nas zonas costeiras e cheio de lixo.
A menos que haja alguma alma caridosa que empreenda viagens para Marte com direito a PIPOCAS, e a grande maioria dos apreciadores desta iguaria vão viver para lá. Sempre poderão amandar os restos cá para baixo para tentar atulhar ainda mais o planeta azul......Mas os que cá ficarmos arranjaremos maneira de, através de shuttles de carga, lhes levar de volta a porcaria que fizeram.

sábado, maio 21, 2005

Saudade

Segundo dizem, trata-se de uma palavra que denuncia um sentimento.
Na realidade, e apesar de as palavras nos sairem de uma maneira espontânea, esta tem uma conotação muito especial e relacionamo-la rapidamente ao seu significado.
Se não existisse este sentimento, seríamos concerteza uma sociedade ainda mais fria. Eu explico: a saudade "obriga-nos" a recordar aquilo que de bom fizemos ou porque passámos. E a saudade tem o condão de ser um sentimento positivo. Ninguém tem saudades de ter caído e partido a cabeça, ou ter sido envolvido num crime que nunca cometeu, por exemplo.
Os nossos primeiros antepassados terão começado a gozar de pequenas lembranças de situações anteriores que lhes deixaram saudades: aquele fruto que existia em determinado local e que deixou de existir no novo local para onde se mudou; o abrigo que foi construído com toda a esperança e esforço, e que teve que ser abandonado à pressa após uma tempestade diluviana, etc....
Mais "recentemente", e após o ser humano ter optado pela sedentarização, passou a ter saudades do tempo em que era totalmente livre e fazia o que lhe dava na real gana, ou pelo menos tinha uma maior liberdade de movimentos.
Apesar da disparidade entre duas realidades bem distintas da sobrevivência humana, a saudade acaba por ser se calhar, a chave da sobrevivência do ser humano!!!
Mas a saudade também se mistura com notícias negativas, e neste momento são essas recordações que me vêm à memória: uma de há 5 meses atrás, outra infelizmente recebida hoje.
No espaço destes 5 meses dois ex-cunhados deixaram de cá estar.
O Zé primeiro e o Ernesto hoje. Mortes estúpidas e não esperadas.
A relação com o Ernesto já datava de há quase 40 anos; com o Zé era mais recente mas já andava pelos 20.
Apesar das recordações negativas, a saudade atenua.
Foram muitos anos de bom convívio e amizade recíproca.
Aprendi muito com qualquer um deles. Ensinaram-me, sobretudo, o que é ser solidário, atento ao que vai no mundo, ser amigo do seu amigo.
Ao Ernesto devo-lhe o interesse pelo único desporto que pratiquei até hoje em competição: o Rugby. Ele foi um dos grandes jogadores de rugby em Portugal no anos 70, tendo feito carreira no Benfica e na Selecção Nacional. Gostaria de ter atingido pelos menos 2 terços da sua classe como jogador.
O Zé foi um "fazedor" de jogadores de futebol, com a sua passagem pelas camadas juvenis do Futebol Benfica. Formou putos, que hoje o recordarão como um treinador exigente mas principalmente um bom amigo.
Estas recordações positivas são, na nossa memória, a saudade......
Que descansem em paz onde melhor se sintam........

terça-feira, maio 10, 2005

Benfiiiiiiiiiica..............

Parece que valeu a pena o "grito".
AFINAL FOMOS CAMPEÕES.....
("adorei" ouvir o Pinto da Costa a dizer que este ano ninguém devia ter sido campeão porque ninguém o mereceu....só denota a falta de desportivismo; bom senso; mau perder que este indivíduo tem.....depois ninguém o consegue tirar daquele pedestal....ou sabe muito de muita gente ou então está tudo ceguinho).

Tá-se mesmo a ver não tá-se?
Num ano de oportunidades várias para ser campeão, o maior clube de Portugal está na corda bamba entre ser campeão, ou ter que ficar mais uma vez à espera que os sócios e simpatizantes tenham paciência para aturar os devaneios de quem tem uma história desportiva digna de mérito, e está há "séculos" para ganhar um campeonato de futebol.
Eu sou um dos primeiros a defender que o futebol, e o desporto em geral, estão mais evoluídos técnica e tácticamente, sendo mais atractivos de acompanhar do que há 30 ou 40 anos atrás.
Lembro-me de ver campeonatos do Mundo de várias modalidades e os próprios Jogos Olímpicos que, comparados com os actuais, parecem os "filhos a aprender a andar".
Não interpretem mal esta expressão, mas a alta competição actual rege-se por parâmetros mais específicos e científicos do que há umas décadas atrás. E isso teve influência a nível das prestações actuais nas várias modalidades.
No futebol, apesar de as regras se manterem inalteráveis desde há bastante tempo, a "simples" evolução a nível dos equipamentos (botas e bolas muito mais leves), permitiu que, com menor esforço, os jogadores pudessem adquirir uma técnica muito mais precisa e eficiente.
Nos anos 70, quem acompanhava a evolução do futebol, ficava maravilhado com a precisão dos passes de 30 metros, reservada a alguns jogadores de elite (Beckenbauer; Cruiff; e mais alguns).
Hoje em dia, qualquer jogador de plano médio/alto faz um passe de 30 ou 40 metros sem qualquer dificuldade.
Isto também se aplicou a todas as outras modalidades desportivas, que beneficiaram das evoluções tecnológicas para propiciarem aos desportistas maiores prestações com menor esforço.
Pensavam que já me tinha esquecido do tema principal, o "Benfica".
Pois é, não me esqueci e vou voltar a ele para finalizar este pequeno deambular pelo desporto e gritar alto e bom som: CAROS JOGADORES ACTUAIS DAS ÁGUIAS: A CAMISOLA QUE VESTEM JÁ FOI VESTIDA POR ALGUNS DOS MELHORES JOGADORES QUE O FUTEBOL FOI CONHECENDO AO LONGO DOS ANOS. DEIXEM-SE DE "MERDAS" E "COMAM A RELVA", PARA QUE TODA A FAMÍLIA BENFIQUISTA TENHA FINALMENTE UMA ALEGRIA. ÀS VEZES PARECE QUE JOGAM DESCALÇOS E QUE AS BOLAS QUE VOS DÃO PARA JOGAR SÃO QUADRADAS.......
Porra (como dizem os Alentejanos), joguem à bola e esqueçam os muitos milhares de euros que ganham por mês.


Lisboa Gerês, ou talvez

Há cerca de 20 anos (se calhar mais um bocadinho), três "malucos", que mais à frente terão oportunidade de ter os nomes escarrapachados, empreenderam uma viagem de Lisboa ao Gerês "a cavalo" de 2 motorizadas, e muita vontade de lá chegar.
As motorizadas eram uma Honda 50 do Josué (acabada de ter uma reparação de motor), e uma Casal 50 do Àlvaro que, por ser de fabrico português, não precisava lá de reparações de motor.
Pois bem, dois dos "malucos" já estão identificados, o outro era eu.
Para ganharmos tempo de viagem, partimos então numa bela sexta feira de fim de Agosto ou início de Setembro por volta das 9 e picos da noite do Café Pão de Açucar na Alameda em Lisboa, rumo ao destino: Gerês. Tínhamos, como é normal nestes casos, os amigos e amigas a despedirem-se e a desejarem boa viagem e boa sorte por aí acima.
As famílias não sei se sabiam bem onde íamos e como íamos!!!???
Fizemos então a noite de sexta para sábado estrada fora, direitos à primeira paragem programada (Coja / Arganil). Os dias estavam quentes, mas as noites eram frias de rachar. Pela antiga EN 1, a deslocação do ar (frio), mais as passagens frequentes de camiões fizeram-nos passar um mau bocado. Então quando atravessámos a Serra dos Candeeiros foi de ir às lágrimas. Eram para aí 7 da manhã estávamos em Pombal a decidir o que fazíamos: continuávamos; montávamos por ali a tenda e dormíamos um bocado, ou desistíamos e voltávamos para Lisboa.
Após um pequeno almoço retemperador, claro que arrancámos novamente e lá fomos até Coimbra e daí até Coja, onde chegámos já ao fim da tarde. Foram então cerca de 20 horas a puxar pelos motores das pobres motorizadas, entre Lisboa e Coja (no centro do País). Nesta 1ª etapa percorremos cerca de 266 quilometros, que divididos por 20 horas dá a modesta média de 13 quilometros por hora!!?? Grande andamento.... fartámo-nos de parar, foi o que foi.
Em Coja tínhamos à espera, em casa de amigos do Àlvaro, um jantar já esperado, e uma cama para descansar as horas anteriores de viagem. Lembro-me que a sopa era de agriões, o que comemos a seguir já não me recordo. Foi uma estada providencial e que nos deu forças para continuar com a outra parte da viagem.
No Domingo de manhã lá partimos em direcção a Lamego onde iríamos dormir no parque de campismo local.
Foi uma viagem pela estrada das Beiras que ligava Coimbra à Beira Interior.
O dia foi ocupado a tentar andar o máximo de quilometros possível (maugrado as paragens de 30 em 30 kms para descansar as motorizadas e os rins), e o almoço (uma vitela assada penso) foi na cidade de Viseu. Nesta 2ª etapa (bastante mais curta que a anterior), percorremos cerca de 170 quilometros.
Uns quilometros antes de Lamego o motor da Honda do Josué começou a dar sinais de algum cansaço ou coisa que o valha, o que levou a termos que procurar uma oficina para se proceder a uma verificação técnica (o Josué e o Àlvaro é que trataram de arranjar a solução numa oficina local, e eu fiquei a guardar os nossos parcos haveres), após o que começámos a subida da Serra das Meadas em direcção ao parque de campismo.
Esta subida foi um bocado difícil de fazer porque, alguém nos explicou na altura, a Serra das Meadas tem uma qualquer atracção magnética!!!!, o que fazia com que as motorizadas subissem 2 quilometros e tivessem que parar para arrefecer os motores. Foi assim uma situação um bocado atribulada porque também não tínhamos a certeza da motorizada do Josué aguentar, pelo facto de ter tido a reparação do motor e ter denotado os tais problemas que referi atrás. Enfim, lá chegámos ao parque de campismo, montámos a tenda e tivemos o merecido descanso até à manhã do dia seguinte.
Convém referir que na motorizada do Josué iam as nossas traquitanas (tenda; sacos cama; roupa etc), e o Àlvaro levou comigo à pendura mais umas pequenas coisas que ainda se podiam prender na parte por cima da roda trazeira.
Para que o nosso "esforço" fosse reconhecido por quem por nós passava na estrada, inscrevemos a frase "Lisboa Gerês, ou talvez" num catrapázio que colámos às costas do meu blusão.
De Lamego lá arrancámos para a penúltima etapa programada: chegar a Chaves a tempo de conseguirmos abancar no parque de campismo, e montar a tenda para um merecido descanso.
O almoço desse dia foi em Vila Real (as refeições, além de abundantes, eram sempre bem regadas, que nessa altura não havia estas modernices dos testes anti-alcoolicos, e a malta sabia beber). Foi a etapa mais curta desde a saída de Lisboa, em que percorremos apenas 109 quilometros. De Lisboa a Chaves já tínhamos andado cerca de 550 quilometros.
Isto em cima de veículos de 50 cc e por vales e serras é um bocado cansativo, mas gratificante.
À chegada a Chaves, e após chegarmos ao parque de campismo tivemos a 1ª decepção da viagem. Ainda hoje não sabemos porquê, mas o parque estava completo. Não havia lugares disponíveis. Lá tivemos que usar da nossa capacidade persuasiva para convencermos a recepcionista do parque a nos arranjar um lugar para montar a tenda.
Após alguns momentos de argumentação, foi-nos facilitado um lugar no terreiro de uma pequena capela, mesmo em frente à casa de banho....das senhoras !!!
Após montarmos a tenda fomos jantar, e quando regressámos pudémos constactar os atributos de muitas das miudas que por lá estavam. Contráriamente às nossas espectativas, nenhuma nos passou cartão, e lá tivemos que "apagar a luz e pormo-nos a dormir", que no outro dia esperáva-nos a etapa derradeira até ao Gerês.
De Chaves ao Gerês foi um pulo (cerca de 110 quilometros), comparado ao que tínhamos percorido anteriormente. E assim se fizeram 660 quilometros de Lisboa ao Gerês em 3 dias.
Se considerarmos que andámos em viagem cerca de 10 horas por dia, fizemos uma média de 22 quilometros por hora. Grande média!!!!! Pensando bem, a viagem foi feita no século passado, portanto.....não está mal....
Chegados ao Gerês tratámos de arranjar um bom sítio para montar a tenda. Tanto procurámos, que acabámos por montar a tenda na margem do Rio Homem ao pé de um grupo de miudas que tinham um sotaque esquisito (soubemos passado umas horas que eram de Braga). Lá tivemos que contar a história dos aventureiros...que tínhamos chegado ali idos de Lisboa em cima daquelas duas motorizadas que elas estavam a ver, e que a viagem nos tinha custado bastante, etc e tal. Ficámos nas boas graças daquele grupo de Bracarenses (mas após bastante trabalho de persuasão mais uma vez).
Numa das deambulações pela Serra, fomos dar à fronteira da Portela do Homem. Aí almoçámos umas sandes e fomos tentar a passagem para Espanha. Conseguimos convencer os guardas civis espanhóis a deixarem-nos ir até à povoação mais próxima que se chama Lobios.
Lá fomos "hablar" com as gentes do outro lado e daí a pouco tempo regressámos, demonstrando aos espanhóis que não fazíamos contrabando ou outra qualquer actividade menos própria.
Nesta estada no Gerês conhecemos um casal de Alemães, que convidámos para jantar connosco numa das noites, e que tiveram que nos acompanhar a deitar abaixo parte (quase todo!!!) de um garrafão de 5 litros de tinto. Este casal acabou por vir a encontrar-se connosco já na viagem de regresso para Lisboa, quando parámos 2 ou 3 dias em casa da Luísa na Areia Branca (junto à Lourinhã). A esta distância já não me recordo dos nomes da....e do.....(lembro-me que ainda se trocaram uns postais, mas depois perdemos o rasto deles...será que ainda estão casados?). Trocámos também alguma correspondência com as miudas de Braga, mas também se perderam os contactos.
Foi uma aventura engraçada, que tinha piada se a repetíssemos agora. O problema era que tínhamos que levar a prole atrás e se calhar baixávamos a média horária por quilometro........por outro lado também já não há motorizadas como antigamente....até já acabaram com o fabrico da Zundapp!!!!!!
Depois deste avivar da memória, espero pelos comentários dos outros dois envolvidos, de modo a juntarmos todos os "inputs", como hoje se diz. Modernices.................


As notas e correcções do Josué:
Isto é que é uma verdadeira surpresa!!O que a malta se divertía com coisas tão simples...O relato da nossa viagem está sensacional!! Esqueceste-te de falar daquelas malucas que também conhecemos em , penso eu , Aveiro , já no regresso a casa , e que moravam em Sto António dos Cavaleiros. Ainda nos encontramos com elas. Uma delas era boa como´milho a outra já não me lembro.E aquela zanga que nós tivemos já no Gerês ou coisa que o valha, na qual eu fiquei mosca como o caneco por uma qualquer razão e ameacei que era bem capaz de me baldar e deixar-vos sem tenda e tudo o resto (ha ha ha)...A motorizada que "avariou" foi a casal do Alvaro e não a minha honda cd 50!! ( olha lááá´). Teve um problema no rolamento da roda traseira e desmontámo-la ali mesmo , julgo que foi uma pedrinha que entrou para o "cubo" da roda . Lembras-te daquela mercearia em S. João do Campo ( Gerês ) onde fomos com os alemães comprar chouriços e outras coisas para comermos? Os alemães estavam deslumbrados porque na terra deles já há muito tempo não havia lojas daquelas.Lembrei-me agora que na primeira noite quan saímos de Lisboa ficámos a dormir ao relento num jardim mesmo no meio de Pombal. Os gajos dos camiões passavam por nós e buzinavam. Eh pá estava um frio do caraças. É extraordinário como ainda hoje recordo o cheirinho daquela sopa de agriões que comemos em casa do colega do Alvaro. E os "aprendizes" de GNR's que nos apanharam no gerês sem capacete ou que estes não eram certificados pela DGV. Lembro-me que o capacete do Alvaro era um AGV todo xpto e o guarda mesmo assim queria-nos multar. Mas não multou , claro! Ai se os nossos putos tivessem um décimo da iniciativa que nós tinhamos...Fomos uns priviligiados por termos sido jovens naquela década!! E que década.
12:00 PM


Comentários do Àlvaro 18Mai05
Olá pessoal. A demora da viagem na primeira noite foi quanto a mim, devido ao intenso nevoeiro que apanhámos logo a seguir á subida de Rio Maior e pela Serra dos candeeiros a fora, não se lembram? não se via Boi á frente do nariz, o que nos fez reduzir bastante a velocidade, já para não falar no frio e humidade que nos encharcou até aos ossos.O capacete era um bell star tinha no ano anterior ganho o prémio de o melhor capacete, e o melro queria multar-me com cem escudos.Em são joão do campo uma das vezesque fomos lá almoçar não se lembram que estivemos mais de meia hora á espera que uma quantidade de Vacas saissem da porta da Tascapara entrar-mos.
10:17 AM


















quinta-feira, maio 05, 2005

Quinteto Académico + 2

Nome estranho não é ?
Quinteto = 5 elementos
Académico = ? (deviam estudar muito na altura!!)
+ 2 = 7
Pois é. É o nome do mais completo grupo musical português dos anos 60.
Fala-se muito nos Sheiks como o grupo emblemático dos anos 60 em Portugal. Não sei porquê? Será porque lá tocaram o Paulo de Carvalho; o Carlos Mendes e o Fernando Tordo ?
Eu disse tocaram não foi? Pois é, tocar eles não sabiam.....cantar sim, e veio-se a provar mais tarde porque, na realidade, deram 3 cantores excepcionais....agora com os instrumentos não eram grande coisa. Imitavam assim uma música tipo Shadows, com aquele som de guitarra muito kitch....enfim....uns copos de leite da altura. Aliás todos eles eram meninos da Avenida de Roma e do Bairro de Alvalade (os bairros finos da altura).
Deixando os Sheiks, que já tiveram o seu pequeno momento de publicidade, volto ao Quinteto.
O Quinteto, na origem, era um grupo de 5 músicos com muito boa vontade mas técnicamente com carências. É normal, os grupos precisam de tempo para ganharem técnica e entrosamento.
Em 68, acho, dá-se a primeira mexida significativa na formação:
- Entram o Pedro Osório (teclista; conhecido dos meios musicais nacionais); o Adrien (baterista; belga), o Jean Sarbib (baixista; francês) e o Carlos Carvalho (guitarrista).
Da formação inicial manteve-se apenas o meu irmão - José Manuel Fonseca ;)
Pelo caminho, além dos outros elementos, ficou uma pessoa bastante conhecida do meio do entertenimento em Portugal, o Mário Assis Ferreira (administrador do Casino Estoril, e o responsável pela abertura do Casino aos grandes nomes da música que por lá têm passado nos últimos anos). Era o guitarrista do início do grupo.
Esta formação já foi um salto bastante significativo em termos de qualidade, tendo já permitido que o grupo se aventurasse em estilos musicais mais modernos e próximos daquilo que, a nível internacional, se fazia e iria fazer nos anos 70.
Durou, penso que 1 ano e meio a 2 anos, e foi renovada com a saída do Pedro Osório (teclista) e do Carlos Carvalho (guitarista), e a entrada de 4 novos elementos:
- Um teclista inglês; um cantor norte americano; um trompetista sul africano e um guitarrista escocês - o Mike Seargent, que ainda anda por cá, penso.

A formação ficou então com 7 elementos (daí o + 2), todos estrangeiros à excepção do meu irmão.
Foi uma formação que, devido à miscelânea de nacionalidades (não havia 2 elementos com a mesma nacionalidade), durou pouco tempo.
No tempo que durou deu brado no panorama musical português, porque na realidade tinha uma qualidade acima da média musical que se praticava em Portugal.
Como exemplo, os elementos dos Sheiks iam aos espectáculos do Quinteto para tentarem aprender mais alguma coisa em termos de técnica dos instrumentos. O Paulo de Carvalho (que era o baterista dos Sheiks) ficava embevecido a ver o baterista do Quinteto tocar.
Não era para menos, o Adrien tinha sido músico de orquestras de jazz na Bélgica e tinha realmente uma pedalada grande.
Foi ele que me deu as primeiras bases de bateria, que me levaram mais tarde a aventurar-me a tocar este instrumento.
Como curiosidade, o Jean Sarbib virou baixista de jazz nos USA (vi-o um ano no Cascais Jazz a acompanhar o Rão Kiao).
O Mike Seargent continuou a tocar cá em Portugal em diversos grupos.
O Adrian e o meu irmão foram tocar para o Conjunto João Paulo, mas sairam ao fim de pouco tempo por incompatibilidades musicais ;) , e desistiram da música a nível profissional.
O Quinteto foi um grupo que marcou o panorama musical português, mas que infelizmente não durou o tempo suficiente para melhor se afirmar.
No site que anexo aqui, fala-se dos vários grupos portugueses dos anos 60 e 70, entre eles o Quinteto Académico. Por vezes o site não abre......mas tentem que vale a pena....é muito completo. Já agora, o Quinteto participou no 1º Vilar de Mouros.

terça-feira, maio 03, 2005

Os anos 70 [seventies para os Ingleses] ;)

Cá vamos entrar na década que me marcou em vários aspectos.
Não que todas as décadas não tenham a sua importância, mas a de 70 foi especial.
Alguns momentos, para mim e não só, importantes:
  • Lançamento do Cascais Jazz no hoje "velhinho" pavilhão do Dramático de Cascais, tendo como principal impulsionador o saudoso Vilas Boas que, com a sua maneira única de se dirigir às boas centenas de amantes do Jazz/Blues que ali "acampavam", levava vaias monumentais, porque o que a malta queria era ver e ouvir os grandes nomes que estavam anunciados.Quando algum desses "monstros" faltava, a vaia era de fazer cair as bancadas, com a "ira" toda centrada no pobre do Villas Boas. Mas ele, com a coragem que o caracterizava, vinha sempre ao palco explicar o porquê da ausência. Naquela altura só via Bateristas à frente, e deliciei-me com muitos dos que por lá passaram mas, infelizmente, não lhes apanhei a técnica e destreza soberbas.
  • Concerto dos Genesis em 1975 (ainda na era do Peter Gabriel) também em Cascais, que, por ser o 1º grande concerto de um grupo estrangeiro que se realizava por cá (tinham cá estado os Procol Harum mas sem grande motivação por parte das audiências), teve uma adesão de encher o pavilhão e quase fazê-lo rebentar pelas costuras. Naquela altura, eu e muitos dos que lá estavam, sabíamos o duplo álbum (The Lamb Lies Down on Broadway) de cor e salteado. Então quando soaram os primeiros acordes foi a loucura total. Nunca imaginávamos que um grupo conseguisse tocar em palco o álbum no seu todo, e o fizesse tão fiel ao original.
  • 25 de Abril de 1974. Foi um dia inesquecível. Para quem na altura andava pela casa dos 18, este dia foi como que o abrir de uma grande porta para um futuro que pensávamos risonho, mas que rápidamente degenerou num futuro a prazo e por duodécimos, ou seja, este mês é assim, para o mês que vem logo se vê. Mas isto é o nosso fado desde há séculos. E como nunca soubemos mudar os acordes ao fado, lá vamos cantando e rindo (mas onde é que eu já ouvi isto ?).
  • Choque petrolífero de 1973. Na altura não me afectou porque não tinha carro. Andava a pé, que fazia muito bem; de eléctrico ou de autocarro (daqueles com entrada por trás e com 2 pisos). Como os Ingleses ainda hoje usam. Vejam lá aqueles "bifes" estúpidos que não prescindem daqueles autocarros; marcos de correio; cabines telefónicas e táxis antiquados!!! Temos um atraso de alguns 50 anos em relação à Europa da vanguarda, mas damo-nos ao luxo de ser modernos na aparência. Aprendemos com os Espanhóis: não tomes banho todos os dias mas encharca-te em água de colónia, nem que seja da loja do chinês.
  • Década do Rock sinfónico ou progressivo e da Motown. O último terço da década de 60 já nos trouxe alguns grupos decentes, ou seja, que não se pautavam pelos modelos Elvis ou Beatles. Basta-nos recordar que em 69 se realizou o maior festival de música rock de que há memória, em Woodstock. No link atrás pode-se comparar os grupos de 69 e os de 94 (ano em que se realizou novo festival, mas já sem a magia do 1º), e perceber onde actuaram os "gigantes" ;). Foi nos anos 70 que tanto o rock como a música negra norte americana tiveram um desenvolvimento enorme ao nível de composição; arranjos; versatilidade e, com uma grande dose de importância, instrumentos e estúdios de gravação mais sofisticados e início das grandes produções de espectáculos ao vivo. Quem ainda se lembra de grupos como: Trunvirat ; Emerson Lake & Palmer; Gentle Giant; Jethru Tull ? Eram grupos que levavam até à exaustão a composição dos temas e que foram pioneiros do Disco Conceptual. Pegavam num tema e desenvolviam-no através de todo o álbum, tanto na parte de texto como na parte musical. Muitos dos músicos que fizeram parte destes grupos tinham formação clássica, que os ajudava a compor com muito mais rigor. Citei aqueles grupos menos conhecidos, mas faltam os que "sobraram" para as décadas seguintes: Genesis; Pink Floyd; Yes; Supertramp. Deixo aqui alguns links que ajudarão a conhecer e/ ou relembrar o universo do rock sinfónico ou progressivo (como o apelidaram na altura). Fica aqui também uma referência à Dance Music através de um site que lhe é dedicado e contem também bastante informação.

Fico por aqui, por agora (ganda chato),.....mas voltarei com mais momentos importantes desta década...





segunda-feira, maio 02, 2005

Os meus antepassados

Atalaia de Cima parece um pleonasmo, mas não é.
É nome de terra; está no alto (daí o nome de Atalaia) de várias arribas que caem abruptamente para o mar e, em dias limpos de nuvens ou neblina (raros por aquelas paragens), vêm-se as Berlengas e os Farilhões.
Isto agora, porque há cento e tal milhões de anos, fazia parte do continente único ao qual pertencia a Europa e a América do Norte.
Dessa altura restaram, até aos dias de hoje, além das pedras e rochas, uns ossos de uns animais que são actualmente vistos como adoráveis, mas que, se tivessem sido nossos conterrâneos, os detestaríamos de certeza: falo dos Dinossauros. Clicando nos Dinossauros podes ver o site do Museu da Lourinhã (podes ver também o site da C.M. da Lourinhã (pelouro do turismo), clicando no próprio nome)
Este museu é o único em Portugal com uma exposição permanente de achados de Dinossauros. Além das ossadas normais nestes casos, está em exposição um ninho de uma espécie de dinossauro, com uma série de ovos petrificados. Imaginemos que, por artes mágicas, um belo dia de manhã à abertura do Museu, andavam a passear pelo chão uma dúzia de dinossauros bébés.......era engraçado ;).....

O começo da clonagem

Decorria o ano de 57 do séc. XX quando vi luz pela primeira vez.
Fui o 10º de um rol de filhos do casal PatríciodaFonseca, de modo a competir com um outro casal que, no mesmo local (leia-se terra) e com as mesmas idades, dera também à luz 10 filhos.
Coincidência das coincidências; cada um de nós que ia nascendo, tinha sempre um irmão ou irmã "gémea" do outro lado. Tanto os sexos, como as idades, foram coincidindo nos nascimentos.
Coisas que a ciência não explica, mas que têm o seu quê de científico, ou seja, foi o começo da clonagem.
Um clone não tem necessáriamente que ser igual ao outro, tem sim que nascer no mesmo local e no mesmo ano.
Foi o que aconteceu com estes dois casais durante aquelas três décadas do século passado, tendo a experiência decorrido entre os anos 30 (primeiros nascimentos), e os anos 50 (últimos nascimentos).
Na altura, e apesar de a comunidade científica ter solicitado a divulgação tal não foi autorizado pelo regime vigente porque, estando o País orgulhosamente só, tal divulgação faria com que hordas de estrangeiros nos invadissem para colherem informações e, quem sabe, fazerem também as suas experiências.
Foi a melhor solução.
Assim não ficámos nós com os louros desta descoberta mas, servilmente, deixámos que fossem esses mesmos estrangeiros, anos mais tarde, a anunciar a descoberta.
Pobres e sós, assim continuaremos na Europa, à espera de um novo alargamento (desta vez aos Países do centro de Àfrica e do Sul da Atlântida), para que possamos finalmente estar à frente de alguém.
Se virem por aí o Durão Barroso, digam-lhe que eu andei na mesma escola primária que ele; nunca simpatizei com o MRPP, e espero chegar a Bruxelas daqui a 10 anos, quando conseguir colocar a minha bicicleta a arranjar e, depois, conseguir atravessar os Pirinéus.