sábado, maio 21, 2005

Saudade

Segundo dizem, trata-se de uma palavra que denuncia um sentimento.
Na realidade, e apesar de as palavras nos sairem de uma maneira espontânea, esta tem uma conotação muito especial e relacionamo-la rapidamente ao seu significado.
Se não existisse este sentimento, seríamos concerteza uma sociedade ainda mais fria. Eu explico: a saudade "obriga-nos" a recordar aquilo que de bom fizemos ou porque passámos. E a saudade tem o condão de ser um sentimento positivo. Ninguém tem saudades de ter caído e partido a cabeça, ou ter sido envolvido num crime que nunca cometeu, por exemplo.
Os nossos primeiros antepassados terão começado a gozar de pequenas lembranças de situações anteriores que lhes deixaram saudades: aquele fruto que existia em determinado local e que deixou de existir no novo local para onde se mudou; o abrigo que foi construído com toda a esperança e esforço, e que teve que ser abandonado à pressa após uma tempestade diluviana, etc....
Mais "recentemente", e após o ser humano ter optado pela sedentarização, passou a ter saudades do tempo em que era totalmente livre e fazia o que lhe dava na real gana, ou pelo menos tinha uma maior liberdade de movimentos.
Apesar da disparidade entre duas realidades bem distintas da sobrevivência humana, a saudade acaba por ser se calhar, a chave da sobrevivência do ser humano!!!
Mas a saudade também se mistura com notícias negativas, e neste momento são essas recordações que me vêm à memória: uma de há 5 meses atrás, outra infelizmente recebida hoje.
No espaço destes 5 meses dois ex-cunhados deixaram de cá estar.
O Zé primeiro e o Ernesto hoje. Mortes estúpidas e não esperadas.
A relação com o Ernesto já datava de há quase 40 anos; com o Zé era mais recente mas já andava pelos 20.
Apesar das recordações negativas, a saudade atenua.
Foram muitos anos de bom convívio e amizade recíproca.
Aprendi muito com qualquer um deles. Ensinaram-me, sobretudo, o que é ser solidário, atento ao que vai no mundo, ser amigo do seu amigo.
Ao Ernesto devo-lhe o interesse pelo único desporto que pratiquei até hoje em competição: o Rugby. Ele foi um dos grandes jogadores de rugby em Portugal no anos 70, tendo feito carreira no Benfica e na Selecção Nacional. Gostaria de ter atingido pelos menos 2 terços da sua classe como jogador.
O Zé foi um "fazedor" de jogadores de futebol, com a sua passagem pelas camadas juvenis do Futebol Benfica. Formou putos, que hoje o recordarão como um treinador exigente mas principalmente um bom amigo.
Estas recordações positivas são, na nossa memória, a saudade......
Que descansem em paz onde melhor se sintam........

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