segunda-feira, julho 09, 2007

Os "Patos Bravos"


Há uns bons anos, era frequente ouvir-se a expressão "Patos Bravos", como identificativa de uma classe profissional normalmente oriunda de uma determinada zona do País.
Nunca percebi o porquê desta expressão, uma vez que não se enquadrava com essa actividade profissional, e questionava-me: porquê chamar-se "Pato Bravo" a um indivíduo que anda de Mercedes e cuja actividade é a construção civil?
Será que, antes desta actividade, era caçador (de patos)? Mas porquê o bravo? Quem caça patos não tem que ser bravo (seria, se fossem caçadores de leões; elefantes, etc). O bravo aqui é o pato, que tem que fugir dos chumbos que lhe são dirigidos (na maioria das vezes sem qualquer pontaria, mas com armas bem caras).
Seria do modelo de automóvel que todos, sem excepção, usavam?
Passei uma vez por um stand da Mercedes a ver se esta marca tinha alguma coisa a ver com patos, e de preferência bravos, mas também não encontrei qualquer relação.
A Mercedes, "descobri eu", era uma marca bastante conceituada, ao ponto de, por qualquer sítio onde um fosse avistado, logo se dizia: Olha aquele Mercedes que vai ali!!
Ninguém dizia: olha aquele Ford ou aquele Opel que vai ali. Mas quando se tratava de um Mercedes, toda a gente olhava; comentava e, no fundo, roia-se por não poder ter um.
Mas o que é que isto tinha a ver com patos, e bravos? Rigorosamente nada!!
Por aqui não conseguia lá ir!
Então, virei-me para outras pistas.
Encontrei num compêndio de história natural a seguinte definição de Pato:
Os patos são animais muito sociáveis e sentem-se muito bem em grupo. Passam os dias juntos procurando comida nas ervas ou na parte mais rasa da água, e dormem em grupo durante a noite. São animais meticulosamente limpos que mantêm os seus ninhos sem lixos nem restos, e gostam de acariciar as penas e exibir as suas lindas plumagens aos potenciais companheiros. A sua esperança média de vida é de 10 anos. São nadadores e voadores excelentes e são capazes de fazer centenas de quilómetros durante as migrações. Tal como os gansos, os patos também voam em “V”. Os patos usam vocalizações e linguagem corporal para comunicarem entre si. Investigadores da Universidade de Middlesex, no Reino Unido, descobriram que os patos têm pronúncias regionais, à semelhança dos humanos. Segundo este estudo, os patos da cidade têm vozes mais altas, enquanto que os do campo têm vozes mais suaves e calmas......
Depois de ler esta definição com muita atenção, descobri uma pista.
Os patos, percebo que sejam e se comportem assim, mas os humanos que são conotados com eles não têm nada a ver com isto, exceptuando num único ponto: "A sua esperança média de vida é de 10 anos".
Ora aqui está a chave desta questão.
E se não acreditam, vejam a notícia a seguir saída há poucos dias nos orgãos de informação:
'Operação Pato Bravo' apanha construtores
Quatro arguidos e dois milhões de euros de fraude em sede de IVA, foi o resultado de "buscas" empreendidas pela Policia Judiciária e peritos fiscais a vinte empresas da fileira da construção civil, de acordo com fontes da polícia criminal. Centenas de intermediários, destinatários e receptores de facturas falsas foram detectados pela acção conjunta com o Fisco a que a PJ baptizou como "Operação Pato Bravo". "Uma operação de grande envergadura" em "duas dezenas de buscas simultâneas a residências de empresários e domicílios fiscais"...."Milhares de facturas, livros completos e ainda em branco" foram apreendidos e detectadas sociedades fantasmas, fictícias, usadas para branquear operações com o imposto indirecto....Neste âmbito, a PJ deverá agora prosseguir investigações entre as centenas de receptores.


Fácil de perceber:
  • Estes indivíduos lançam-se nesta odisseia profissional com uma conotação bastante branda e aceitável por todos...... "Patos"
  • Mas esta conotação não significa que a sua vida dali para a frente venha a ser fácil (passar os dias juntos; escovar as penas; procurar alimentação nas ervas e dentro de água!!... queriam!!)
  • A partir do momento em que adoptam o nome de Patos, têm que desenvolver uma grande dose de bravura.
  • É que a esperança de vida (lembram-se?) é de apenas 10 anos (até cairem nas malhas da polícia)
  • Durante este período tão curto (que até pode ser só de 2 ou 3 anitos), têm que amealhar ("roubar") o suficiente para, após serem apanhados, já terem o seu grande pé de meia (de preferência em nome de alguém próximo que não tenha feito nada de malvisto).
  • Se, por acaso, tiverem o azar de serem presos, a prole cá fora está garantida em termos económicos, e só com muito azar lhes vão esbanjar tudo o que amealharam naqueles 10 anitos de BRAVURA.

Estava a ver que não conseguia decifrar este enigma que tanto me apoquentou até aos dias de hoje. Ufa...!!!

ps. E já agora dá para perguntar: Então e nestes casos, além do "desfalque" nos cofres públicos que nunca será reposto, quem é que paga o custo da investigação efectuada pela polícia e afins? Está bom de ver não está? NÓS, o contribuinte do costume, que se tem o azar de ficar a dever nem que seja 1 € ao Estado, até com juros vai ter que pagar!






2 comentários:

Anónimo disse...

Esquceste-te de acrescentar que eles (os pato-bravos) são, invariávelmente, sócios ou dirigentes de um qualquer clube de futebol- Benfica,sporting,porto,etc.
Talvez traduza uma necessidade de protagonismo que com a sua simples qualidade de "patos" não lhes seria possível usufruir. Além do mais é o caminho mais curto para outros poleiros...E como os "patos" são animais anfíbios , se não for com muita ajuda não se conseguem equilibrar num poleiro. Eh eh eh

Anónimo disse...

o anónimo sou eu. Josué. Não sei porque ficou "anónimo" . Nbice, concerteza